16 abril 2009

Especialidades médicas

Aproveitando a onda da saúde..

É opinião comum que existe falta de médicos no nosso sistema de saúde, sobretudo em determinadas especialidades. Interessa entender como decorre o processo de escolha de especialidade pelos novos médicos.


Os alunos de 6º ano de medicina fazem um exame de acesso à especialidade. Exame com 100 perguntas de escolha múltipla com base num livro - Harrison's Principles of Internal Medicine.
A seriação dos alunos para a escolha da especialidade é feita apenas pela nota do exame. Apenas no caso de empate serve a média de curso, conseguida à custa de 6 anos de trabalho. Justo?
Os alunos que fizeram o exame e que só o poderão repetir dentro de 3 anos, esperam agora pelo lançamento das vagas em cada hospital. Sim, entraram num concurso em que não sabem se abrem as vagas que desejam.

Existem no acesso à especialidade, dois concursos. O A, para estudantes finalistas de medicina e o B, para médicos que pretendem mudar de especialidade ou alunos que vão repetir o exame (por terem desistido do exame anterior não tendo, portanto, ficado colocados no concurso). O primeiro concurso tem este ano 1100 concorrentes, o B 150.

As especialidades de oftalmologia, otorrinolaringologia, dermatologia e cirurgia geral são aquelas que maiores listas têm de pessoas a aguardar consulta. Curiosamente (ou não) são aquelas em que menos vagas abrem. Outra curiosidade é o facto dos concursos A e B terem vagas diferentes.
Como exemplo, o ano passado abriram 2 vagas normais de dermatologia no concurso A para todo o país, nenhuma para Lisboa. No concurso B abriram 3 vagas para Lisboa.


Imagine-se que eu sou um médico descontente com a minha especialidade, conhecendo no hospital onde trabalho, as pessoas e as suas necessidades médicas. Se o hospital abrir a vaga no concurso A, são 1100 alunos e eu não posso concorrer. Se abrir no concurso B, já posso e somos só 150.


Eu não sou médico, mas estranho os critérios das vagas de especialidade médica. A quantidade de vagas (completamente desadequadas com as nossas necessidades) e o critério de abertura, no concurso A ou no concurso B.

Ou talvez não estranhe!

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