O livro não merece, mas vou fazê-lo.
No livro que sugeri no post anterior, um homem e uma criança ficam presos nos "canos" de Lisboa. Nesse dia, António tinha-se deslocado à Igreja de São Sebastião da Pedreira e depois de uma chuvada à antiga, abriu-se um buraco no chão, um daqueles que se abrem de vez em quando... lá foi o António, invisual, e João, um escuteiro com apenas 8 anos de idade.
Terminei o livro e foram anunciadas as listas para as legislativas do PSD. Vou ter de fazê-lo.
Qual chuva, qual tempestade, tal como no livro, José Sócrates apareceu como um polvo, os seus tentáculos chegam a vários lados, a máquina está bem oleada. Também nesse dia em Lisboa... Ninguém esperava (nem os que escrevem sobre José Sócrates: a cronologia de um líder improvável), mas aconteceu.
O PSD entrou e caminhou durante largos períodos, no espaço mais subterrâneo do nosso sistema político. A chuva continuava e o PSD lá permanecia, sem distanciamento ideológico, sem chama, sem ver o caminho, sem alguém que indicasse o caminho...
Pelo meio, António (e o PSD), saltam, tentam abrir tampas de esgoto, tirar qualquer coisa da manga, mas nada. Viram-se para a justiça divina, a culpa é d'Ele, do que não olha por nós, do que não nos deixa ver...
E, subitamente, uma luz ao fundo do túnel. António e João chegam finalmente a um túnel largo (Tejo à vista), e imaginam que é isso que os vai salvar. Neste momento têm esperança, têm qualquer coisa, um feeling, que é agora, que nada pode falhar (Onde é que eu já vi isto?).
Nessa manhã (noite):
"Um profundo vale de lobo abrira-se no meio do rio.
- Estamos cá fora, António. Vejo o sol. O Tejo não tem água.
As sirenes tocavam na cidade, no alto do castelo. As pessoas fugiam para as zonas altas, em sangue, os escombros das praças, os destroços da cidade, os silvos eléctricos, os tubos de gás em chamas, os automóveis torcidos, o pó e os mortos.
Agora vem aí a onda gigante.
António, por muito que lhe custasse, por mais que estivesse errado, continuava a acreditar."
No meio do livro alguém grita no meio da multidão: Deixem passar o homem invisível. Mais valia... não acredito que sejam, mas que parecem, parecem!
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