10 dezembro 2010

The people who pay the highest taxes get...

Suppose that every day, ten men go out for beer and the bill for all ten comes to $100. If they paid their bill the way we pay our taxes, it would go something like this:
The first four men (the poorest) would pay nothing.
The fifth would pay $1.
The sixth would pay $3.
The seventh would pay $7.
The eighth would pay $12.
The ninth would pay $18.
The tenth man (the richest) would pay $59.
So, that's what they decided to do. The ten men drank in the bar every day and seemed quite happy with the arrangement, until one day, the owner threw them a curve. 'Since you are all such good customers, he said, 'I'm going to reduce the cost of your daily beer by $20. Drinks for the ten now cost just $80.
The group still wanted to pay their bill the way we pay our taxes so the first four men were unaffected. They would still drink for free. But what about the other six men - the paying customers? How could they divide the $20 windfall so that everyone would get his 'fair share?' They realized that $20 divided by six is $3.33. But if they subtracted that from everybody's share, then the fifth man and the sixth man would each end up being paid to drink his beer. So, the bar owner suggested that it would be fair to reduce each man's bill by roughly the same amount, and he proceeded to work out the amounts each should pay.
And so:
The fifth man, like the first four, now paid nothing (100% savings).
The sixth now paid $2 instead of $3 (33% savings).
The seventh now pay $5 instead of $7 (28% savings).
The eighth now paid $9 instead of $12 (25% savings).
The ninth now paid $14 instead of $18 (22% savings).
The tenth now paid $49 instead of $59 (16% savings).
Each of the six was better off than before. And the first four continued to drink for free. But once outside the restaurant, the men began to compare their savings.
'I only got a dollar out of the $20,'declared the sixth man. He pointed to the tenth man,' but he got $10!'
'Yeah, that's right,' exclaimed the fifth man. 'I only saved a dollar, too. It's unfair that he got ten times more than I!'
'That's true!!' shouted the seventh man. 'Why should he get $10 back when I got only two? The wealthy get all the breaks!'
'Wait a minute,' yelled the first four men in unison. 'We didn't get anything at all. The system exploits the poor!'
The nine men surrounded the tenth and beat him up.
The next night the tenth man didn't show up for drinks, so the nine sat down and had beers without him. But when it came time to pay the bill, they discovered something important. They didn't have enough money between all of them for even half of the bill!
And that, boys and girls, journalists and college professors, is how our tax system works. The people who pay the highest taxes get the most benefit from a tax reduction. Tax them too much, attack them for being wealthy, and they just may not show up anymore. In fact, they might start drinking overseas where the atmosphere is somewhat friendlier.
David R. Kamerschen, Ph.D.
Professor of Economics, University of Georgia

30 novembro 2010

Sabedoria Popular

Desde pequena que digo, e oiço dizer, que “o contrário do amor não é o ódio mas sim o desprezo”. Sabedoria popular. Nunca pensei muito nisso mas repetia-o com convicção sempre que o assunto em causa mo permitia. “O contrário do amor não é o ódio mas sim o desprezo”! Encontrei finalmente um argumentário à altura.

Há uns dias, percebi que precisava de ler e fui à Fnac. Leve quatro, pague três… irresistível! Um dos livros chama-se Blink! e é escrito por Malcolm Gladwell, considerado por alguns o “pensador mais influente do Mundo”. Interessante, chamou-me a atenção. Estou convencida, pelas primeiras cinquenta páginas, que o objectivo é, mais que convencer, mostrar ao leitor, através de argumentos teóricos e exemplos/experiências científicas, que as melhores decisões e avaliações podem ser as efectuadas nos primeiros instantes, ao invés daquelas que pensamos de forma ponderada, demorada e racional. Instinto? Não, tem a ver com um tal de “inconsciente adaptativo” e uma série de ligações entre uma série de neurónios. Perdoem-me a ignorância.

Ora bem, John Gottman é especialista em psicologia e matemática, autor do livro The Mathematics of Divorce. Assim sendo, levou a cabo inúmeras experiências e chegou à conclusão que podemos reconhecer com uma elevada percentagem de precisão os casais que se vão divorciar num futuro de curto/médio prazo através de observações de pequenos vídeos (3 a 15 minutos) em que estes discutem um qualquer assunto. Basta “cortar em fatias finas” (não vou explicar. Leiam!). Procurando sinais específicos, como o típico revirar de olhos, e associando-os a determinados SPAFFs (afectos) – defesa, reserva, choro, neutralidade, raiva, aversão ou desprezo - , facilmente percepcionamos padrões de personalidade e relacionamento que, conjugados, nos possibilitam concluir se essas duas pessoas se vão ou não “suportar” durante muito tempo.

Ora bem, de acordo com o autor, o desprezo é o factor X. O desprezo, intimamente relacionado com a aversão, implicam tal como ela a rejeição total de uma pessoa. “O desprezo é especial. (...) é o sinal individual mais importante de que o casamento está com problemas” - continuado, levará indubitavelmente, mais depressa ou mais devagar, ao final de uma relação.

Agora, faz todo o sentido.

09 novembro 2010

Quando ficamos só num ponto.

Em tudo. É difícil perceber qual o espaço que vai entre o fim e o início. Fora os trocadilhos com o princípio do fim, ou o fim que nem chegou a ser um principio. Qual é o tempo que decorre? Temporalmente. Tem marcos?

Depois perguntam se o início de uma coisa tem de ser o fim de qualquer outra. Procuram-se respostas. Sim, tem tudo a ver com isso. Com tudo, precisamente. Do mais complexo, do mais racional. Do mais simples, do mais emotivo. Da conjugação dos dois.

Termina o dia, começa a noite. Termina a noite, começa o dia. Tudo tem um fim. Volto ao início deste texto. Não cheguei ao fim da questão inicial. Qual é o espaço entre os dois?

(já tinha saudades disto. E de outras coisas também)

16 outubro 2010

Uma palavra:

Ridículo!

Bem entendo esta necessidade de Portugal querer apanhar o comboio da frente na Europa, é mau ficar sempre em último. De todas, a que gostei mais foi a de apontarmos ao défice da Alemanha, com 1/3 da força económica industrial, e com menos de metade do crescimento económico nos últimos anos.
Portugal disse que o ia fazer, os mercados riram-se/especularam. Óbvio. Portugal disse que o ia fazer, no curto-prazo, os mercados especularam. Baixar um défice de quase 10% para 4%, em dois anos é tarefa árdua, e exige sacrifícios. Mas só mesmo por isso, por ser de curto-prazo. Para quê estar a sonhar/pensar, com mudanças estruturais na nossa economia (o mesmo é dizer, na organização do estado), quando o objectivo a cumprir é já para o ano? Ninguém. Receita em cima!

Entre as muitas coisas que falharam, esta foi uma delas, criar expectativas no mercado. Espanha quando acordou para o problema, ainda dizia que ia ter um défice de 9% em 2010, e 6% em 2011. Nesta altura já Portugal prometia tudo aos mercados. E o que fez Espanha? Mexeu-se, para o objectivo que tinham, e Portugal?

Mas quando comecei a escrever queria mesmo era dizer isto: José Sócrates agora ri para o político que lhe diz "Eu bem o avisei que vinha aí a crise", porque acha muito fácil prever uma coisa, agora, depois de ter acontecido. Ao mesmo tempo queria que o PSD pudesse prever um orçamento que o Governo iria apresentar (parece que ainda não está), e o aprovasse. Existe aqui algum padrão? Sim, esquizofrénico.

Voltando a Espanha. O que é que fizeram por lá com o orçamento? Anteciparam a sua apresentação e discussão. Em Portugal? Atrasa-se logo na entrega para haver menos tempo para discutir.
Mas não era o Governo que dizia que tinham de se acalmar os mercados? Isso seria apresentar um orçamento geral do estado mais cedo, que fosse discutido por todos, e aceite pela maioria. O que se fez: mandaram-se umas postas num dia de jogo do benfica, apostou-se no confronto político com oposição, e assobiaram para o lado. Só assim se explica que até o prazo máximo para a sua entrega tenha sido falhado...

Ridículo.

28 setembro 2010

"O país mudou!"

Depois de muitos anos (e muitas desculpas), a frase mais marcante deste governo, e principalmente deste primeiro-ministro é mesmo esta: "O país mudou!"

Admitindo que os senhores tiveram realmente azar na altura que governaram o país, pelas diversas condicionantes externas, uma coisa também tem de ser dita, não estiveram à altura do desafio.

Umas notas soltas, porque o país mudou mesmo.

O PEC foi aprovado com a opinião unânime que era apenas um programa de estabilidade e não continha qualquer plano de crescimento. As agências, os mercados, e os financiadores externos criticaram-nos por isso. Opinião geral (já com duas décadas): é necessário reduzir a despesa do estado e aumentar a competitividade do país.

Uns meses depois, e muitos, muitos milhões depois (que todos vamos pagar mais tarde), a solução é aumentar os impostos. O IVA? Porquê? Porque torna a nossa economia mais competitiva? Como? Não sei. Parece que penalizar o consumo e a competitividade dos nossos produtos, é a solução. Confere.

Mas confere ainda mais quando chegam uns senhores a Portugal, daqueles que fazem previsões todos os meses, e todos os meses avisam que Portugal tem de reduzir a despesa e apresentam estas soluções. Faltou a redução da despesa, um pequeno lapso.

Só mais duas notas:
1 - O Estado já começou a poupar. Uma, das muitas, formas de gastar dinheiro em instituições públicas é contratar empresas de consultoria para irem "validar" (impor), por meio de um qualquer estudo de milhões de euros a estratégia (normalmente de redução de um qualquer custo, leia-se, reestruturação de serviços/despedimento de pessoal), já delineada pelo seu Conselho de Administração. Espero que a OCDE tenha feito isto de graça, porque acho que aquele da educação ainda não foi pago (e caro que foi...).

2 - Se não foi um favor, então foi um pré-anúncio do FMI. "O país mudou!"

Não resisto e vou acrescentar outro.

3 - Outro senhor, desses que mandam bitaites e toda a gente ouve, dizia: Portugal tem de comunicar melhor com os mercados.

Uma pergunta que se costuma usar para atestar a credibilidade de uma pessoa: Compraria um carro em segunda mão a este senhor (um qualquer, mas imagine o primeiro-ministro José Sócrates, que esta semana respondeu num evento tecnológico, a sorrir: este é o Portugal real)? Se o exemplo não chegar, pergunte ao outro primeiro-ministro, o que em Nova Iorque disse que se demitia. Conhece outro?

O país mudou. E bem podíamos usar o tão conhecido: Sorrindo às dificuldades (mas só porque este dia foi uma verdadeira fantochada).

18 setembro 2010

Da semana do amadorismo à semana da mobilidade

Futebol. Economia. Soberania nacional.

A semana que passou podia muito bem ser classificada como a semana do amadorismo. Das emissões de dívida à viagem de Gilberto Madaíl a Madrid podemos tirar portanto estas três conclusões:

1 - somos geridos, do Futebol à Economia, por amadores.
2 - Quem manda na FPF neste momento é Florentino Pérez.
3 - Quem manda (há muito tempo), na economia nacional, são as agências de rating (aqui fica o parêntesis de que aqueles que têm a capacidade para a destruir, e neste ponto com elevada eficácia, continuam a ser os mesmos).

Na semana da mobilidade, que devia assinalar também essa mobilidade europeia, daqui apelo a que esses grandes fazedores/gestores/gastadores aproveitem a ida de Gilberto Madaíl a Madrid para tentar recrutar alguns recursos para a sua área. Não custa nada pedinchar mais um pouco, e eles já sabem como fazê-lo.

15 setembro 2010

Verdades ou perspectivas?

Há quem diga que não há verdades absolutas... existem perspectivas, opiniões e argumentos, não mais que isso.

Na realidade, costumo concordar com este ponto de vista. Costumo, eu própria, usar a ideia para moderar, terminar e por vezes até começar discussões. De certa forma, facilita as coisas. Aceitando-a desde o início, torna-se mais simples argumentar contra o que nos dizem (e aceitá-lo) sem ferir susceptibilidades: não estamos a desmentir ninguém pois simplesmente não há verdade alguma que possamos contradizer! Existe uma infinidade de opiniões e cada um tem direito à sua, ponto final. Soa perfeito.
O único problema que me surge é que não chegamos a um dos objectivos essenciais de uma discussão: a conclusão. Aliás... nem chega bem a ser uma discussão (pelo menos não na minha acepção do termo...) mas apenas aquilo a que chamamos "troca de ideias", literalmente. Estou a divagar...
Bom, aceitando a ideia acima, por outro lado, também se torna relativamente simples deturpar factos, acrescentar pontos aos contos, distorcer realidades. Assustador.

Pois bem, a minha conclusão é que a afirmação com que comecei é unicamente mais uma prova do seu próprio significado: não é uma verdade absoluta que não haja verdades absolutas. Existem! Há verdades que não dão espaço a qualquer argumentação. Há factos que não precisam sequer de descrição, de tão óbvios e auto-suficientes que são. E há sentimentos e sonhos e intuições...

Já me alonguei. Ficou a mensagem, mais um desabafo.

11 setembro 2010

Utopia?

Gostava de acordar numa cidade em que o primeiro som da manhã fosse mais agradável que a buzina do senhor do carro preto que acordou atrasado e mal disposto, pelo que decidiu descarregar no vizinho que estacionou o carro 5cm mais à esquerda do que devia. Gostava que a senhora do café lá de baixo me retribuísse o sorriso e os bons dias, todas as manhãs. Gostava que não me empurrassem (tanto) no metro. Gostava de morar numa cidade em que as pessoas se preocupassem em embelezar as ruas e as casas e a si próprias. Gostava de conhecer uma cidade em que as pessoas se respeitassem e aceitassem umas às outras...
Acho que já passei a ideia!

A questão é: será assim tão utópico? Somos muitos. Somos muitos e muito diferentes, é verdade. Mas também é verdade que não conheço ninguém que goste de buzinas e sítios feios.

Então... porque é que a realidade é esta que conhecemos?

Suponho que muitas pessoas já tenham ouvido falar do dilema do prisioneiro. Não resisto a encaixá-lo aqui!
Muito resumidamente, a conclusão é que, num cenário de cooperação, ganhamos todos. Óbvio! No entanto, e visto que à partida não há controle de quem coopera ou não, um cenário desse tipo deixa espaço a que qualquer pessoa, por desleixo ou má vontade, se afaste do "acordo".

Imaginemos: na melhor das hipóteses, ninguém deita lixo para o chão; ora, se eu deitar o papel da minha pastilha no chão... sou apenas eu! É só um. Poupo trabalho e continuo a usufruir da limpeza que os outros mantêm. Qual é o problema, então? Bem, a questão é que, no limite, todos pensamos assim e, a certa altura, todos deitamos tudo no chão. Por outro lado, se tu deitas, eu não o vou fazer? Que tontice, trabalho para ti?! Não.

Sem controlo nem incentivos visíveis, muito embora todos saibamos que todos ficaríamos a ganhar num cenário de cooperação, ninguém o fará e, a prazo, ficamos indubitavelmente pior. É óbvio! Tão óbvio que se torna estúpido ter que escrevê-lo.

Esta linha de pensamento é válida para o lixo, para os empurrões, par os sorrisos, para as buzinas e para quaisquer outras situações que possamos imaginar.

Volto a perguntar: porque é que a realidade é, de facto, esta que conhecemos? Parece-me bem mais ridícula a situação que temos do que seria utópico um cenário diferente. Estou errada?




... "You must be the change you want to see in the world."
Gandhi.

06 setembro 2010

Fiesta

"Uma geração passa, e outra geração vem; mas a terra para sempre fica ... O sol sempre nasce, e o sol se põe, e apressa-se para o lugar onde nasceu ... o vento ronda ao sul, e volta a rondar ao norte; e o vento continuamente circula, e o vento volta de novo segundo os seus circuitos ... Os rios correm para o mar; e o mar não transborda; ao lugar de onde os rios vieram, aí voltam mais uma vez."

ECLESIASTES

There are moments in a match...



Semáforos. Apanhar o metro. Apanhar o autocarro. A fila do supermercado. A fila da loja do cidadão. Esperar pelo elevador. É o dia-a-dia.

Nem queria escrever sobre isto, até porque cheguei ao fim e achei que esta associação não fazia sentido, e fiquei contente por tudo depender da sorte ou do azar - se isto fosse escrito com caneta e papel riscava este parágrafo até não dar para ver uma palavra (era muito mais bonito escrever sobre outras coisas. E se eu desse este passo para a esquerda em vez de ser para a direita? E se eu desta vez optasse pelo "Não!"? E se...). Olhamos para a nossa economia, para a justiça, para a forma como gostamos de nos enganar uns aos outros (e temos prazer com isso, para no final reclamar com toda a gente), para aqueles que escolhemos para "gerirem" aquilo que é de todos (chega até ser ridículo escrever isto, porque para além de ser um lugar comum identificar estes problemas, até as pessoas responsáveis por o fazerem, o dizem), e percebemos que as soluções dependem mais de um acaso do que de outra coisa qualquer, para a qual não encontro o nome certo. O dia-a-dia. Que seja a nossa sorte...

Para aqueles que dormem descansados, mas passam os dias a barafustar na televisão, nos jornais, em conversas de café: Estejam tranquilos, pelos vistos não depende de vocês.

Para os outros, façam qualquer coisa. Ou, emigrem!

A parte maior foi mesmo o "aparte" deste post, na verdade só queria mesmo era dizer (gritar) isto antes de ir dormir:

F****-**!!!! Bola pra'frente!!!

03 agosto 2010

Novidades?

Comecei a estagiar há um mês. Obviamente, deixei de ter o tempo que tinha anteriormente, pelo que tive que abdicar de alguns hábitos, digamos assim, para manter apenas os indispensáveis.
Uma das coisas que deixei de fazer foi a ronda diária pelas páginas de alguns jornais... Hoje entrei no site do Expresso. Novidades? Vejamos: incêndios, a maior maré negra de sempre no Golfo do México, jogadores de futebol transferidos por quantias astronómicas e inexplicáveis (que me envergonham a ponto de nem querer transcrevê-las!) e um grande destaque ao caso Freeport - por curiosidade, entrei no dossier disponibilizado pelo jornal e... constatei que o primeiro artigo remonta a Janeiro de 2009 (!) - fazem a página inicial. Mais abaixo, tive o prazer de descobrir que existe uma senhora de 2,06 m na Alemanha... vi uma fotografia, inclusive. Além disso, também descobri que "o orgulho nazi está a crescer na Mongólia"... e isto nem comento. Umas quantas mortes compõem o quadro, além das habituais disputas partidárias... hoje, nem para isto tenho paciência.
No jornal de negócios, entusiasmei-me com um artigo de Bruno Frey, segundo o qual "as pessoas são mais felizes do que se pensa"... novidade: Epaper - serviço pago necessário para ler o bom do artigo.
Desisto. Vou dormir.

12 julho 2010

Reflexão.


"Quando uma pessoa quer ser ela própria, não pode, em abono da verdade, ter uma costela "política"."
Haruki Murakami

04 junho 2010

28 maio 2010

84 queixas por dia!

"Violência Doméstica é qualquer conduta ou omissão de natureza criminal, reiterada e/ou intensa ou não, que inflija sofrimentos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos, de modo directo ou indirecto, a qualquer pessoa que resida habitualmente no mesmo espaço doméstico ou que, não residindo, seja cônjuge ou ex-cônjuge, companheiro/a ou ex-companheiro/a, namorado/a ou ex-namorado/a, ou progenitor de descendente comum, ou esteja, ou tivesse estado, em situação análoga; ou que seja ascendente ou descendente, por consanguinidade, adopção ou afinidade." (APAV)

Portugal aparece no mais recente relatório da Amnistia Internacional, de 27 de Maio de 2010, devido a três assuntos: maus tratos policiais, voos da CIA que passaram no país e violência doméstica.
Não querendo de forma alguma retirar importância aos dois primeiros tópicos, o último interessa-me especialmente.

Segundo o relatório da DGAI acerca da violência doméstica em 2009, este é o quarto crime mais registado em Portugal - 30543 participações no ano em análise, o que corresponde a uma média de 84 queixas por dia. Segundo as estatísticas, a larga maioria das vítimas foram mulheres (85%), cerca de metade na faixa etária dos 25 aos 45 anos, e a larga maioria dos denunciados foram homens (88%), aproximadamente metade dos quais eram consumidores habituais de álcool e apenas 15% possuíam armas; por outro lado, em 64,5% dos casos a vítima mantinha uma relação conjugal com o denunciado e cerca de metade das ocorrências foram presenciadas por menores. Até aqui nada de novo. Para mim, curioso foi perceber que aproximadamente um quarto dos agressores possuíam habilitações ao nível do ensino secundário ou superior, que na grande maioria dos casos não havia qualquer dependência económica e que em cerca de metade dos casos existiram denúncias anteriores por agressão à mesma vítima praticadas pelo mesmo agressor.
Ainda segundo as estatísticas, as situações de violência são desencadeadas pelas mais diversas razões, entre as quais: agressores alcoolizados ou sob o efeito de estupefacientes; questões monetárias ou desemprego; ameaça de abandono por parte do cônjuge; conflitos relacionados com a custódia dos filhos; doenças do foro psicológico; negação da vítima em ter relações sexuais; situações de gravidez; ciúmes e até pormenores ligados à rotina diária, como as refeições ou objectos fora do sítio...


Experimentem perguntar a uma mulher vítima de agressões o porquê de continuar com o namorado ou marido ou o que for. Conheço respostas como: "Porque o amo!", "Isto são fases, tudo passa" ou "Também tive culpa"... Há até quem ache normal. Outra experiência será tentar afastar essa mulher do agressor - provavelmente, além de continuar com ele, ela vai afastar-se de quem a aconselha a tal coisa. Amor? Hábito? Valores, religião, pressão da sociedade? Medo...? Não vou julgar. Não gosto de fazer juízos de valor, nem me compete fazê-lo. Vinte anos bastaram para que fizesse e suportasse inúmeras coisas que tinha afirmado que nunca iria fazer ou suportar. No entanto, os números assustam-me. É a realidade em que vivemos mas é difícil aceitá-la. São situações improváveis de perceber, além de que o "entre marido e mulher ninguém mete a colher" ainda está demasiado entranhado na nossa sociedade e isso não ajuda em nada.

Finalmente, parece-me importante frisar quatro coisas:
1. O Código Penal português prevê e pune os crimes de violência doméstica ( Art. 152).
2. A GNR conta com 22 Núcleos de Investigação e Apoio à Vítima e com 210 Equipas de Investigação e Inquérito, enquanto que na PSP existem 250 Equipas de Proximidade e Apoio à Vítima.
4. A violência doméstica é um crime público.

25 maio 2010

Campanha da Santa Casa - idosos para adopção

Os factos: segundo estatísticas do INE, 321 mil idosos moram sozinhos em Portugal - destes, 18 mil estão no concelho de Lisboa, tido como um dos mais envelhecidos do país.

A notícia: a Santa Casa da Misericórdia lança no final do mês corrente uma campanha de acolhimento de idosos e adultos com deficiência que vivam sozinhos. As famílias que se disponibilizem a adoptar um destes idosos receberão, no mínimo, 622€ por mês.

A verdade é que não consigo formar uma opinião acerca disto.
Antes de mais, é-me difícil acreditar neste cenário. Porque é que estas pessoas estão sozinhas? Onde estão as famílias, os seus descendentes...? Cada caso é um caso, sei disso, mas aqui tratam-se de muitos casos com um final semelhante, o que definitivamente me assusta.
À parte disso, consigo ver vantagens numa medida como esta: os números apresentados em cima são de ter em conta, como é de ter em conta a solidão e a tristeza e as suas consequências para as pessoas associadas a esses números... há benefícios para um idoso em ser acolhido por uma família (entenda-se, por uma família adequada) em vez de ser enfiado num lar para a terceira idade.
Por outro lado, quanto ao método, a primeira dúvida que me assaltou foi a que respeita aos incentivos. Uma compensação financeira será certamente necessária, pois as famílias terão gastos adicionais... mas como se define o montante? Que limite, que barreira se deve estabelecer? E como prever as intenções das pessoas face a esse dinheiro? Na melhor das hipóteses, os 622€ poderão ser vistos exactamente como uma ajuda para aqueles que realmente querem adoptar a pessoa em causa, apoiá-la e dar-lhe uma vida melhor; mas também poderão ser suficientes para que alguns se limitem a "aturar" devidamente um velhinho e para que outros o façam, ou finjam fazer, indevidamente... de qualquer forma, nem 600€ nem 600.000€ chegariam certamente para comprar afectos. Não é fácil integrar uma pessoa alheia numa família, muito menos uma pessoa idosa, de personalidade, hábitos e vícios feitos. É óptimo falar e aprender com os mais velhos, ouvir as histórias e os ensinamentos, as lições de vida e as mil experiências que cada um deles possui... mas será possível adoptar um idoso? Um idoso que não terá, à partida, facilidade nem vontade de se adaptar a nós e ao nosso estilo de vida? Um idoso que traz consigo todo um passado que nada tem em comum connosco? Sinceramente, não tenho estas respostas.
Os incentivos escolhidos podem deturpar quaisquer boas intenções iniciais. Sabe-se que as famílias candidatas serão sujeitas a entrevistas, terão que cumprir critérios rígidos e participar em acções de formação contínuas. Que critérios? Que acções de formação? Que entrevistas? Que se vai avaliar? Quem vai avaliar? Essencial: os idosos terão uma palavra a dizer acerca da escolha? Haverá acompanhamento, caso a caso, por entidades responsáveis (a Santa Casa, neste contexto)? Durante quanto tempo? Haverá verificação do uso dado aos 622€ (ou mais), que consistem em apoio da Santa Casa adicionado a 70% da pensão da pessoa acolhida? ... São apenas dúvidas. As respostas serão certamente cruciais para uma tomada de opinião.

Para os interessados, recomendo a crónica de Daniel Oliveira para o Expresso - Os velhos.

18 maio 2010

Casamento?!

O Presidente da República promulgou ontem o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (o link dá acesso à notícia do Expresso que inclui o discurso na íntegra).

Não me julgo a melhor pessoa para falar disto nem tenho a pretensão de ter razão, mas não posso deixar de expressar a minha opinião pessoal. Não sou tão liberal quanto a maioria, pelo menos não nestas questões, nem aprovo as modernices que esmagam a tradição e os costumes. O casamento é, por definição - não nos dicionários, que já foram adaptados, mas na cabeça de pelo menos algumas pessoas - a união entre pessoas de sexo diferente, com o intuito de construir família. Como é fisicamente impossível (até ver!) duas pessoas do mesmo sexo construírem família, desde logo não me parece que se enquadrem no conceito.
Que fique claro que não sou homofóbica. Longe disso! Cada um é como é, há que aceitar as diferenças. Mas não é correcto tratar os diferentes como iguais. Igualdade é, exactamente, tratar cada um de acordo com as suas características - iguais como iguais, diferentes como diferentes. E ser homossexual não é melhor nem pior: é diferente.
Mais, aceito obviamente que duas pessoas do mesmo sexo se apaixonem e namorem, além de que concordo plenamente que vivam juntas e que tenham os benefícios económicos (financeiros, em termos de heranças...) que o casamento, enquanto contrato, permite aos heterossexuais. Mas... chamar-lhe casamento?! Sim, é com o nome que não concordo. Qual é a importância do nome? Toda. É toda a importância que têm a tradição e as crenças das pessoas. É toda a importância que tem o conceito em si, que está a ser (já foi!) deturpado. Agora, dois homens ou duas mulheres podem casar. Lindo!
De acordo com o discurso do PR, países como a Alemanha, França e Reino Unido adoptaram soluções que respeitam simultaneamente os direitos dos homossexuais e o conceito original de casamento. Aliás, apenas 4 dos 27 países da União Europeia chamam casamento à união entre pessoas do mesmo sexo... apenas 7 países no Mundo o fazem.
Vamos chamar retrógrados à Alemanha, à França e a todos os restantes 23 países da UE e modernos aos portugueses? Que mente aberta que "nós" temos!
Tenho 19 anos (quase 20!). E estou realmente chateada, realmente desiludida com tal modernismo.

12 maio 2010

"O tempo tornou-se um luxo"...

No passado dia 10 de Maio, o Presidente da República recebeu dez ex-ministros para debater com eles a situação actual do país. Falei nisto no post anterior, confesso que estava realmente curiosa (mais: esperançosa!) com o resultado de tal encontro. Afinal, são todos eles políticos e economistas com experiência e reputação, possuidores de um know-how invejável. Assim, dia dez à tarde procurei novidades nas notícias... não encontrei nada. Ontem, dia onze, voltei a procurar. Nada.
Para além das reacções de Francisco Louçã e Alberto João Jardim (tão longe e tão perto...), semelhantes pela crítica comum - os ex-ministros em causa são os "pais do défice", "co-responsáveis pelo estado do país" -, tipicamente nada construtiva, pouco se falou no assunto, pelo menos que eu desse conta, e do que se falou pouco ou nada se ficou a saber acerca das conclusões a que chegaram.
Segundo notícia do Jornal de Negócios, o grupo afirmou uma "profunda preocupação" com a situação actual portuguesa e defendeu "decisões adequadas e urgentes" para ultrapassar essa dita situação. Quando digo que não encontrei nada, quero dizer mais precisamente que não encontrei nada de novo. Que os senhores em questão estão preocupados com o estado das coisas e que têm a perfeita noção que é preciso fazer qualquer coisa (muitas coisas, possivelmente) eficiente e urgentemente, já eu calculava.
Quero acreditar que chegaram a conclusões e tiveram boas ideias. Se não eles, quem?! Chateia-me, portanto, que não passem cá para fora essa informação. Como disse Vítor Constâncio, e muito bem, "o tempo tornou-se um luxo". Já passaram quase dois dias, não será altura para se debaterem as ditas medidas "adequadas e urgentes"?
Eu sei que têm sido dias intensos. O Benfica foi campeão, o Papa veio a Portugal... Enfim. Não querendo tirar importância a nenhum destes eventos, até porque constato que são de extremo interesse para a maioria da população portuguesa - basta dar uma olhadela no número de visualizações e comentários que mereceram nos jornais on-line, face a quaisquer notícias políticas ou económicas dos últimos tempos -, tenho que concluir e relembrar que, como nem vivemos de futebol (muito menos das vitórias do Benfica!) nem acreditamos, à partida, que as nossas finanças sejam susceptíveis de milagres, talvez seja uma óptima ideia voltar a olhar para a crise que temos em mãos. Digo eu!

04 maio 2010

Prós e Contras - as Finanças Públicas

A FEUNL deu-nos a oportunidade de assistir ao vivo ao Prós e Contras, hoje com Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, António Nogueira Leite, José Silva Lopes e Guillermo de la Dehesa como convidados. Tema: as Finanças Públicas. Pela esperança de encontrar no debate soluções, ou pelo menos pontos de vista claros acerca do panorama actual, aliada à curiosidade pelas opiniões de economistas reconhecidos, dois deles (Luís Campos e Cunha e João Salgueiro) meus professores, eu e outros cinquenta colegas aproveitámos a oportunidade e lá estivemos.

Desta forma, tenho a destacar:

  • Antes de mais, o (des)encanto do Mundo televisivo. Não fosse ter podido observar de perto as expressões de cada um dos intervenientes, desde as mais discretas às menos próprias (além de constatar que a bebida servida a Guillermo de la Dehesa era, sim, vinho e não a água que serviram aos restantes convidados - ficou por desvendar o porquê!), diria que preferia ter assistido em casa, no sofá.
  • Coisas sérias. Espantou-me, acima de tudo, a postura de João Salgueiro. Que é absolutamente contra os maus investimentos públicos, grupo em que tal como Campos e Cunha integra o TGV em particular, eu já sabia - afinal de contas, ambos são meus professores. O que eu desconhecia era a faceta no mínimo determinada a que tive oportunidade de assistir, especialmente aquando do confronto com Luís Nazaré - quem viu, sabe certamente do que estou a falar.
    Quanto aos grandes investimentos do sector público, o debate foi conclusivo: são necessários, enquanto impulsionadores do crescimento económico. Resta distinguir os bons dos maus investimentos, aqueles que se tornarão rentáveis dos que nunca serão sequer auto-sustentáveis, e isto faz-se primeiramente através de uma análise de necessidade do bem ou do serviço em causa e, posteriormente, de uma análise de custo-benefício imparcial e credível. O TGV, tal como a terceira travessia do Tejo ou a auto-estrada do Centro, não convencem: não são justificáveis, pelo menos no curto-prazo, e muito menos seriam rentáveis.
  • De seguida, o pessimismo de José Silva Lopes face ao optimismo de Luís Nazaré. O primeiro mostrou não acreditar que se possam manter os salários nominais ou que os funcionários públicos possam continuar a receber, no curto-prazo, décimo terceiro e décimo quarto mês. O segundo, por seu lado, admitiu ser optimista ao ponto de considerar "baixos" os montantes que o sector público dispenderia (dispenderá, talvez) no financiamento do dito TGV. A verdade há-de estar algures pelo meio, como habitualmente.
  • Luís Campos e Cunha, a certa altura, destacou aqueles que considera como os três problemas principais da economia portuguesa: a curto prazo, a consolidação das contas públicas, importante tanto porque é a base de tudo o resto como por precisarmos mostrar trabalho feito à Comissão; no médio prazo, o sistema de justiça, no que respeita a mais organização e melhor legislação, o que também será um ponto de partida à atracção de investimento externo; a longo prazo, a educação. Tomei conhecimento que Portugal está bem e recomenda-se em termos de investimento no ensino não universitário e de indicadores de número alunos por sala ou por professor, mas continua péssimo nos resultados desses mesmos alunos. Que se passa, então? Não será falta de investimento, obviamente. O que me parece, e isto é só a minha opinião, é que existe em primeiro lugar uma questão de falta de incentivos à qualidade do ensino, situação que não foi de todo melhorada pelo tão polémico sistema de avaliação dos professores; aqui, poderíamos também falar no desinteresse dos alunos pela escola e na falta de um outro tipo de educação que é cada vez mais nítida, mas não é esse o objectivo do post. Em segundo lugar, não posso deixar de enfatizar mais uma opinião pessoal - programas de Novas Oportunidades não servem propósitos de aumento da produtividade do factor trabalho mas sim, e unicamente, de estatísticas. A questão é que é no capital humano que terá que assentar toda e qualquer esperança de inovação, de desenvolvimento e crescimento. Apesar de ser um objectivo alcançável apenas no longo prazo, parece-me urgente começar desde já pelo menos a repensar o sistema que temos.
  • Depois, a competitividade. Sempre a competitividade. O PEC só é viável se crescermos, e só crescemos simultaneamente com a adopção de uma política orçamental contraccionista (aumento de impostos, diminuição da despesa pública...), necessária à consolidação orçamental, se a produtividade aumentar. Aumentando as exportações e diminuindo a dependência externa. Captando bons investimentos. Apoiando as PME em vez de proteger mais e mais o sector não transaccionável.
  • Por falar em PEC (denominado também de "PE", visto que não se percebe nele a vertente do crescimento...), foi mencionada a colaboração entre o Governo e o PSD no âmbito do programa. Nomeadamente, destacou-se que esta colaboração não significa a sua aprovação pelo principal partido da oposição mas sim a disponibilidade para cooperar na definição de medidas mais adequadas à situação do país. Não se trata de um "cheque em branco passado ao Eng. Sócrates"... felizmente.

Finalmente, e visto que o post já vai longo demais, concluo admitindo que embora tenha lucrado com um debate de opiniões diferentes e bem justificadas (quase todas), no que respeita às respostas saí de lá tal como tinha entrado. Nogueira Leite chamou a atenção para a facilidade em reconhecer os problemas, que segundo o próprio estão em cima da mesa há mais de quinze anos, face à necessidade que se mantém de encontrar soluções. João Salgueiro concordou, justificando neste facto o descrédito e a desconfiança em torno dos nossos políticos, ao passo que Luís Nazaré admitiu não ter a fórmula mágica - pelos vistos, ninguém tem.
O Presidente da República recebe, no próximo dia 10, alguns ex-ministros das Finanças, com o intuito de discutir a situação económica do país. Não esperando já fórmulas mágicas, há que ter esperança no surgimento de caminhos possíveis e soluções viáveis e fundamentadas.
Cá estaremos para ver.

30 abril 2010

para além/uma questão de... prioridades (com Prof. Marcelo a recordar).

Foi um regresso à faculdade, um misto de recordação com expectativa. Boas recordações aquelas, dos cafés da rua, do caminho percorrido até à faculdade, os chineses, os marroquinos, e a mesquita que se enche todas as sextas-feiras. E a expectativa de ouvir o Prof. Marcelo, num tema em que tem anos e anos de experiência: "Afinal para que serve a política?"

Fica o agradecimento à Carina (CM), que permitiu este regresso :)

Não sei quantos lugares tem aquele anfiteatro, mas estava praticamente cheio. Jovens estudantes de economia, gestão e direito, que esperavam por uma mensagem de incentivo a essa coisa difícil que é a participação na vida política.

A exposição ao tema começou pelo tema do "que é a política", numa boa analogia com a economia, na mais que evidente escassez de recursos e alocação dos mesmos: o conflito! (gostava de um dia fazer um post sobre isto)

A participação das gerações de 80 e 90 que se perderam no poder adquirido da geração do 25 de Abril, a origem dos conflitos políticos (que são em grande maioria provocados por "desavenças" pessoais), e as perguntas que se iam encadeando na minha cabeça para provocar alguma discussão no final fizeram destas horinhas um tempo muito bem empregue. (não tive oportunidade de fazer as perguntas, mas quem sabe daqui a um tempo volte a elas, pessoalmente e em Estremoz, quem sabe...)

Mas o mais importante, para mim, estava longe de ser uma novidade, situou-se naquele campo das verdades que precisam de ser recordadas de tempos a tempos e para mim já são absolutas: apostem primeiro na vossa vida profissional e só depois na política. Isto por uma simples razão, afastar os desígnios da nossa vida futura, da dependência de qualquer tipo de aparelho, do mais pequeno para o maior, o partidário e o estatal.

E muita gente sabe o que isto custa (ia até usar a expressão: só Deus sabe...): antipatias, o diz que disse (mesmo quando nada se diz), entre outras bem menos evidentes e que minam a vontade de uma participação política mais activa.

Mas é a forma correcta de o fazer, saber dizer não quando é não, e saber dizer sim, mesmo quando muitos dizem que não. A ambos os casos se aplica o vice-versa.

O resto das considerações sobre esta difícil facilidade que é pensar pela própria cabeça e agir política e publicamente da mesma forma, deixo a quem tiver paciência para ler e pensar sobre isto.

23 abril 2010

...

Penso demais. E, quanto mais penso, mais tenho para pensar, porque cada ideia traz consigo uma dúzia de ideias diferentes. E, quanto mais me permito pensar, menos faço, porque cada dúzia de ideias levanta outros tantos obstáculos, que se vão multiplicando a cada pensamento.

“(…)Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor. Se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que expiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. (…)”

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.

Tenho que parar com isto.

22 abril 2010

Liberdade de Expressão

Durante o discurso que fez na sua cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, Pinto Balsemão lançou para o ar uma dúvida: de que serve a liberdade de expressão (entenda-se, nos media), se grande parte do que é mais visto, lido e ouvido pela população não passa de pura patetice?
Embora sendo importante frisar que a classificação como patetice é muito relativa e que, por outro lado, até para a patetice deve haver espaço e liberdade, parece-me uma pergunta legítima e importante, para quem informa e para quem é informado.
A ideia a reter é, no entanto, que apesar de estar disponível informação de todo o tipo, a mais vista é, de facto, a mais pateta - do ponto de vista de Pinto Balsemão, do meu e do de pelo menos mais algumas pessoas, espero... não muitas, ou a questão nem faria sentido.
São escolhas, cada um com os seus (des)interesses.

16 abril 2010

Programa de Estabilidade e Crescimento (?)

Basicamente, adiou-se o TGV (a custo!), congelaram-se os salários, aumentaram-se, directa e indirectamente, os impostos e fala-se em privatizações (que também dão pano para mangas).

Há umas semanas atrás, a imprensa encarregou-se de nos chamar a atenção para o bem que as instituições internacionais disseram do nosso PEC. Em letras pequenas, nas páginas interiores dos jornais, vinham normalmente os alertas e as sugestões que lhe foram apontadas. Essas não interessavam para muito (ou interessavam?) pois, conforme nos diz o nosso PM, “luz verde é o mais importante, avisos são normais”. À União Europeia interessava restabelecer a confiança nos mercados, depois do caso grego, e para o nós nada como ser apontados como um bom exemplo.

Acontece que se começou a perceber que talvez não resultasse assim tão bem. As previsões são quase uma maravilha, só falta saber como vamos chegar lá. Como vamos crescer? Porque é que vamos crescer? A UE tem dúvidas e eu também. Se não crescermos, as receitas de impostos diminuem e a única (e sempre mais fácil) solução que me ocorre é o aumento das taxas, que só contrairá mais e mais a economia.

A Comissão alertou para a necessidade de medidas que "aumentem a produtividade e potenciem o crescimento do PIB de forma sustentada para assim incrementar a produtividade e reduzir os desequilíbrios externos" no mesmo dia em que o aprovou, mas disto não se falou.

O facto é que a situação portuguesa não se deve unicamente à crise mundial mas também a quase uma década de fraco crescimento económico e fraquíssima competitividade. Se continuarmos a atacar apenas os sintomas sem ir à verdadeira causa do problema, tenho dúvidas que este se resolva.

Segundo esta notícia:

http://economico.sapo.pt/noticias/oposicao-exige-respostas-a-socrates-sobre-o-pec_86932.html,

a oposição está a fazer o seu trabalho. O PSD e o CDS poderão solicitar que Sócrates volte à negociação no debate quinzenal de hoje, dia 16 de Abril. Não seria de todo mal pensado, visto as medidas que temos e, essencialmente, aquelas que não temos. Por outro lado, há a necessidade de pelo menos se pensar num plano B, apenas para o caso de este se mostrar um fracasso, caso as previsões em que assenta seja, como tudo indica que aconteça, optimistas demais.

Esperemos então para ver.

15 abril 2010

A (longa) história do Terminal de Contentores de Alcântara

Sem juízos de valor ou comentários a possíveis interesses ou favores, aqui fica um resumo do enredo do Terminal de Contentores de Alcântara, desde 2008 até aos dias de hoje. Vou tentar não me alongar, a história dá pano para mangas...

Meados de 2008

Eduardo Pimentel, presidente da Liscont (empresa do grupo Mota Engil) afirma que o alargamento do Terminal de Alcântara é necessário, tendo em vista a amortização do investimento. Pretende-se triplicar a capacidade do terminal, num investimento previsto de 226 M €. A Administração do Porto de Lisboa garante ser de todo o interesse atender às necessidades portuárias da capital. O Movimento e o Sindicato dos Estivadores dizem que “as pessoas percebem muito pouco da importância económica do projecto”, que classifica como “coerente”.

A população manifesta-se (Movimento “Lisboa é das pessoas, mais contentores não”, apoiado por Miguel Sousa Tavares). Toda a oposição se afirma contra o investimento (à excepção do CDS-PP, sem uma posição clara). A oposição camarária de Lisboa encontra-se em bloco contra o alargamento do termina. Manuel Alegre questiona o Governo, tenta averiguar opiniões acerca do impacto ambiental e chega até a escrever a letra para uma música (“Fado dos Contentores”, dsponível em http://cidadanialx.blogspot.com/2009/03/fado-dos-contentores.html).

Finais de 2008 - Meados de 2009

O contrato de renegociação é assinado por Mário Lino. A APL garante que a concessionária está a financiar mais de metade do projecto. Sussurra-se que as projecções quanto à capacidade do porto de Lisboa podem não ser realistas. O Tribunal de Contas opina contra o projecto e o Governo apressa-se a contra-argumentar.

Finais de 2009

O PSD avança com um primeiro projecto-lei para revogar o contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara ao grupo Mota Engil. O Bloco prepara-se para seguir as pisadas do PSD, os comunistas pedem o regresso da gestão do porto de Lisboa ao sector público e o CDS-PP, mais suave, vai analisando a situação.

Actualmente

Está em cima da mesa a revogação/suspensão do contrato de renegociação da parceria do Estado com a Liscont - em discussão no Parlamento, conta com projectos de toda a oposição, sendo que o PS apenas admite viabilizar o do CDS-PP (sempre mais suave, pelo menos neste assunto), que prevê a renegociação do contrato, acautelando uma possível (grande) indemnização que adviria da resolução do mesmo. Por outro lado, no fim do mês passado, a Secretaria de Estado do Ambiente emitiu (finalmente) uma declaração de impacto ambiental “favorável, condicionada à necessidade de obter autorização para ocupação das áreas abrangidas pelo regime transitório da Reserva Ecológica Nacional".

Os factos e as perguntas

De acordo com esta tabela, percebemos que o TCA funciona abaixo do previsto no caso-base do contrato original pelo menos desde 2008. Os sussurros de 2009 deveriam ter-se feito ouvir (valeriam de alguma coisa…?). A pergunta é se seria desde já necessário proceder ao alargamento. Porque não esperar por 2015, altura em que o contrato de concessão terminaria e, aí, dar lugar a um Concurso Público, de forma clara, transparente, legal e que permitisse ao mercado funcionar de acordo com a concorrência exigível num negócio que envolve o sector público e montantes tão elevados?

Contrariamente ao previsto em 2008, o investimento global ascendeu a 474,4 M €, dos quais em princípio caberiam cerca de 40% ao sector público. Digo em princípio pois, na realidade, o contrato estipula que 70% do investimento da Liscont é recuperável sob a forma de isenção de taxas não cobradas pela APL. Assim, assenta sobre o sector público, em termos líquidos, cerca de 52% do valor total investido.

Além disto, o Estado acordou suportar o risco de tráfego, riscos financeiros e o Risco de reembolso de capitais accionistas, em caso de resolução do contrato. Finalmente, e não entrando em mais detalhe pois não me parece necessáro fazê-lo para expressar a ideia essencial, a TIR dos accionistas subiu cerca de 3 pontos percentuais só ao longo so processo de negociação (entre Abril e Outubro de 2008), treminando em 14%. A questão é: sabendo que a TIR deve premiar o risco assumido pelo sector privado e que esse risco diminuiu tanto face ao contrato original como durante todo o processo de negociação, porque terá esta aumentado? E porque não recorreu o Estado ao know-how da Parpública e do MOPTC? Não querendo “meter o bedelho”, quer-me parecer que os montantes em causa justificavam algum saber de experiência feito na sua contratação.

O Tribunal de Contas alertou. A população também, tal como toda a oposição, de uma forma ou de outra. O contrato foi assinado, o mal está feito. A única questão pertinente prende-se, pois, em saber como vai o Governo lidar, agora, com a situação, tendo em conta que, voltando atrás, pelo menos de uma indemnização não se livrará – será que é desta que fazemos uma análise custo-benefício bem feita?

Talvez tenha servido como lição.





11 abril 2010

Leituras...


Ontem terminei de ler um livro – Ilusões, de Richard Bach. Voltei, portanto, a sentir aquela satisfação que não sentia, confesso (que vergonha!), desde que vim para a faculdade, há praticamente três anos… a excepção são os livros obrigatórios e recomendados de Economia, claro. Mas não é o mesmo, esses não nos deixam sonhar. Mais! Trata-se de um livro que comprei aqui pelo Campus numa Feira do Livro que a Comissão de Residentes da RAS organizou; na primeira página, tem o nome do primeiro dono, suponho eu, e a data: 1988. No entanto, chegada às últimas páginas, verifiquei que ainda estavam “coladas” – nunca tinham sido lidas. Satisfação em dose dupla, portanto.

Vamos então ao que interessa: a história. Ilusões fala-nos, basicamente, de ilusões. De como os nossos pensamentos se podem traduzir na nossa realidade. De como podemos ter tudo o que queremos, desde que acreditemos. É uma história de pessoas, de carácteres, de amizades, de desejos e impossibilidades que poderão, ou não, no Mundo de Richard e Shimoda, transformar-se em realidades – fica a dúvida, mesmo depois de terminar de ler.

Embora não tenha sido fácil começar, visto ser absolutamente invulgar desde a primeira página, não parecendo fazer qualquer sentido à partida, depois de ler (boas) críticas na internet decidi continuar. Foi uma boa surpresa.

Agradou-me a possibilidade de poder haver múltiplas interpretações de cada episódio. Além disso, é daqueles livros dos quais retiramos uma lição de vida a cada frase lida. A lição principal, todavia, nada tem de extraordinário – cada um tem o poder de, dentro dos limites naturais (e dos legais, sociais, morais, financeiras…), ser quem quiser e fazer o que lhe apetecer. (Quase) tudo assenta na capacidade de acreditar.

É uma história positiva, bonita e cheia de milagres, bom humor e utopias. Recomendo.

Quase todas as críticas que li aconselhavam a uma segunda leitura, talvez um dia o faça. Nos próximos tempos livres, prefiro dedicar-me a ler o resto da pilha que tenho amontoado na mesinha de cabeceira durante os últimos meses.


P.S.: Hoje, voltei ao Introductory Econometrics – a Modern Approach, Wooldrigde. Quem conhece, sabe...