10 dezembro 2010
The people who pay the highest taxes get...
30 novembro 2010
Sabedoria Popular
Desde pequena que digo, e oiço dizer, que “o contrário do amor não é o ódio mas sim o desprezo”. Sabedoria popular. Nunca pensei muito nisso mas repetia-o com convicção sempre que o assunto em causa mo permitia. “O contrário do amor não é o ódio mas sim o desprezo”! Encontrei finalmente um argumentário à altura.
Há uns dias, percebi que precisava de ler e fui à Fnac. Leve quatro, pague três… irresistível! Um dos livros chama-se Blink! e é escrito por Malcolm Gladwell, considerado por alguns o “pensador mais influente do Mundo”. Interessante, chamou-me a atenção. Estou convencida, pelas primeiras cinquenta páginas, que o objectivo é, mais que convencer, mostrar ao leitor, através de argumentos teóricos e exemplos/experiências científicas, que as melhores decisões e avaliações podem ser as efectuadas nos primeiros instantes, ao invés daquelas que pensamos de forma ponderada, demorada e racional. Instinto? Não, tem a ver com um tal de “inconsciente adaptativo” e uma série de ligações entre uma série de neurónios. Perdoem-me a ignorância.
Ora bem, John Gottman é especialista em psicologia e matemática, autor do livro The Mathematics of Divorce. Assim sendo, levou a cabo inúmeras experiências e chegou à conclusão que podemos reconhecer com uma elevada percentagem de precisão os casais que se vão divorciar num futuro de curto/médio prazo através de observações de pequenos vídeos (3 a 15 minutos) em que estes discutem um qualquer assunto. Basta “cortar em fatias finas” (não vou explicar. Leiam!). Procurando sinais específicos, como o típico revirar de olhos, e associando-os a determinados SPAFFs (afectos) – defesa, reserva, choro, neutralidade, raiva, aversão ou desprezo - , facilmente percepcionamos padrões de personalidade e relacionamento que, conjugados, nos possibilitam concluir se essas duas pessoas se vão ou não “suportar” durante muito tempo.
Ora bem, de acordo com o autor, o desprezo é o factor X. O desprezo, intimamente relacionado com a aversão, implicam tal como ela a rejeição total de uma pessoa. “O desprezo é especial. (...) é o sinal individual mais importante de que o casamento está com problemas” - continuado, levará indubitavelmente, mais depressa ou mais devagar, ao final de uma relação.
Agora, faz todo o sentido.
10 novembro 2010
09 novembro 2010
Quando ficamos só num ponto.
Depois perguntam se o início de uma coisa tem de ser o fim de qualquer outra. Procuram-se respostas. Sim, tem tudo a ver com isso. Com tudo, precisamente. Do mais complexo, do mais racional. Do mais simples, do mais emotivo. Da conjugação dos dois.
Termina o dia, começa a noite. Termina a noite, começa o dia. Tudo tem um fim. Volto ao início deste texto. Não cheguei ao fim da questão inicial. Qual é o espaço entre os dois?
(já tinha saudades disto. E de outras coisas também)
16 outubro 2010
Uma palavra:
Bem entendo esta necessidade de Portugal querer apanhar o comboio da frente na Europa, é mau ficar sempre em último. De todas, a que gostei mais foi a de apontarmos ao défice da Alemanha, com 1/3 da força económica industrial, e com menos de metade do crescimento económico nos últimos anos.
Portugal disse que o ia fazer, os mercados riram-se/especularam. Óbvio. Portugal disse que o ia fazer, no curto-prazo, os mercados especularam. Baixar um défice de quase 10% para 4%, em dois anos é tarefa árdua, e exige sacrifícios. Mas só mesmo por isso, por ser de curto-prazo. Para quê estar a sonhar/pensar, com mudanças estruturais na nossa economia (o mesmo é dizer, na organização do estado), quando o objectivo a cumprir é já para o ano? Ninguém. Receita em cima!
Entre as muitas coisas que falharam, esta foi uma delas, criar expectativas no mercado. Espanha quando acordou para o problema, ainda dizia que ia ter um défice de 9% em 2010, e 6% em 2011. Nesta altura já Portugal prometia tudo aos mercados. E o que fez Espanha? Mexeu-se, para o objectivo que tinham, e Portugal?
Mas quando comecei a escrever queria mesmo era dizer isto: José Sócrates agora ri para o político que lhe diz "Eu bem o avisei que vinha aí a crise", porque acha muito fácil prever uma coisa, agora, depois de ter acontecido. Ao mesmo tempo queria que o PSD pudesse prever um orçamento que o Governo iria apresentar (parece que ainda não está), e o aprovasse. Existe aqui algum padrão? Sim, esquizofrénico.
Voltando a Espanha. O que é que fizeram por lá com o orçamento? Anteciparam a sua apresentação e discussão. Em Portugal? Atrasa-se logo na entrega para haver menos tempo para discutir.
Mas não era o Governo que dizia que tinham de se acalmar os mercados? Isso seria apresentar um orçamento geral do estado mais cedo, que fosse discutido por todos, e aceite pela maioria. O que se fez: mandaram-se umas postas num dia de jogo do benfica, apostou-se no confronto político com oposição, e assobiaram para o lado. Só assim se explica que até o prazo máximo para a sua entrega tenha sido falhado...
Ridículo.
15 outubro 2010
28 setembro 2010
"O país mudou!"
Admitindo que os senhores tiveram realmente azar na altura que governaram o país, pelas diversas condicionantes externas, uma coisa também tem de ser dita, não estiveram à altura do desafio.
Umas notas soltas, porque o país mudou mesmo.
O PEC foi aprovado com a opinião unânime que era apenas um programa de estabilidade e não continha qualquer plano de crescimento. As agências, os mercados, e os financiadores externos criticaram-nos por isso. Opinião geral (já com duas décadas): é necessário reduzir a despesa do estado e aumentar a competitividade do país.
Uns meses depois, e muitos, muitos milhões depois (que todos vamos pagar mais tarde), a solução é aumentar os impostos. O IVA? Porquê? Porque torna a nossa economia mais competitiva? Como? Não sei. Parece que penalizar o consumo e a competitividade dos nossos produtos, é a solução. Confere.
Mas confere ainda mais quando chegam uns senhores a Portugal, daqueles que fazem previsões todos os meses, e todos os meses avisam que Portugal tem de reduzir a despesa e apresentam estas soluções. Faltou a redução da despesa, um pequeno lapso.
Só mais duas notas:
1 - O Estado já começou a poupar. Uma, das muitas, formas de gastar dinheiro em instituições públicas é contratar empresas de consultoria para irem "validar" (impor), por meio de um qualquer estudo de milhões de euros a estratégia (normalmente de redução de um qualquer custo, leia-se, reestruturação de serviços/despedimento de pessoal), já delineada pelo seu Conselho de Administração. Espero que a OCDE tenha feito isto de graça, porque acho que aquele da educação ainda não foi pago (e caro que foi...).
2 - Se não foi um favor, então foi um pré-anúncio do FMI. "O país mudou!"
Não resisto e vou acrescentar outro.
3 - Outro senhor, desses que mandam bitaites e toda a gente ouve, dizia: Portugal tem de comunicar melhor com os mercados.
Uma pergunta que se costuma usar para atestar a credibilidade de uma pessoa: Compraria um carro em segunda mão a este senhor (um qualquer, mas imagine o primeiro-ministro José Sócrates, que esta semana respondeu num evento tecnológico, a sorrir: este é o Portugal real)? Se o exemplo não chegar, pergunte ao outro primeiro-ministro, o que em Nova Iorque disse que se demitia. Conhece outro?
O país mudou. E bem podíamos usar o tão conhecido: Sorrindo às dificuldades (mas só porque este dia foi uma verdadeira fantochada).
18 setembro 2010
Da semana do amadorismo à semana da mobilidade
A semana que passou podia muito bem ser classificada como a semana do amadorismo. Das emissões de dívida à viagem de Gilberto Madaíl a Madrid podemos tirar portanto estas três conclusões:
1 - somos geridos, do Futebol à Economia, por amadores.
2 - Quem manda na FPF neste momento é Florentino Pérez.
3 - Quem manda (há muito tempo), na economia nacional, são as agências de rating (aqui fica o parêntesis de que aqueles que têm a capacidade para a destruir, e neste ponto com elevada eficácia, continuam a ser os mesmos).
Na semana da mobilidade, que devia assinalar também essa mobilidade europeia, daqui apelo a que esses grandes fazedores/gestores/gastadores aproveitem a ida de Gilberto Madaíl a Madrid para tentar recrutar alguns recursos para a sua área. Não custa nada pedinchar mais um pouco, e eles já sabem como fazê-lo.
15 setembro 2010
Verdades ou perspectivas?
11 setembro 2010
Utopia?
06 setembro 2010
Fiesta
ECLESIASTES
There are moments in a match...
Semáforos. Apanhar o metro. Apanhar o autocarro. A fila do supermercado. A fila da loja do cidadão. Esperar pelo elevador. É o dia-a-dia.
Nem queria escrever sobre isto, até porque cheguei ao fim e achei que esta associação não fazia sentido, e fiquei contente por tudo depender da sorte ou do azar - se isto fosse escrito com caneta e papel riscava este parágrafo até não dar para ver uma palavra (era muito mais bonito escrever sobre outras coisas. E se eu desse este passo para a esquerda em vez de ser para a direita? E se eu desta vez optasse pelo "Não!"? E se...). Olhamos para a nossa economia, para a justiça, para a forma como gostamos de nos enganar uns aos outros (e temos prazer com isso, para no final reclamar com toda a gente), para aqueles que escolhemos para "gerirem" aquilo que é de todos (chega até ser ridículo escrever isto, porque para além de ser um lugar comum identificar estes problemas, até as pessoas responsáveis por o fazerem, o dizem), e percebemos que as soluções dependem mais de um acaso do que de outra coisa qualquer, para a qual não encontro o nome certo. O dia-a-dia. Que seja a nossa sorte...
Para aqueles que dormem descansados, mas passam os dias a barafustar na televisão, nos jornais, em conversas de café: Estejam tranquilos, pelos vistos não depende de vocês.
Para os outros, façam qualquer coisa. Ou, emigrem!
A parte maior foi mesmo o "aparte" deste post, na verdade só queria mesmo era dizer (gritar) isto antes de ir dormir:
F****-**!!!! Bola pra'frente!!!
04 setembro 2010
03 agosto 2010
Novidades?
12 julho 2010
Reflexão.
11 julho 2010
04 junho 2010
28 maio 2010
84 queixas por dia!
25 maio 2010
Campanha da Santa Casa - idosos para adopção
18 maio 2010
Casamento?!
12 maio 2010
"O tempo tornou-se um luxo"...
04 maio 2010
Prós e Contras - as Finanças Públicas
A FEUNL deu-nos a oportunidade de assistir ao vivo ao Prós e Contras, hoje com Luís Campos e Cunha, João Salgueiro, António Nogueira Leite, José Silva Lopes e Guillermo de la Dehesa como convidados. Tema: as Finanças Públicas. Pela esperança de encontrar no debate soluções, ou pelo menos pontos de vista claros acerca do panorama actual, aliada à curiosidade pelas opiniões de economistas reconhecidos, dois deles (Luís Campos e Cunha e João Salgueiro) meus professores, eu e outros cinquenta colegas aproveitámos a oportunidade e lá estivemos.
Desta forma, tenho a destacar:
- Antes de mais, o (des)encanto do Mundo televisivo. Não fosse ter podido observar de perto as expressões de cada um dos intervenientes, desde as mais discretas às menos próprias (além de constatar que a bebida servida a Guillermo de la Dehesa era, sim, vinho e não a água que serviram aos restantes convidados - ficou por desvendar o porquê!), diria que preferia ter assistido em casa, no sofá.
- Coisas sérias. Espantou-me, acima de tudo, a postura de João Salgueiro. Que é absolutamente contra os maus investimentos públicos, grupo em que tal como Campos e Cunha integra o TGV em particular, eu já sabia - afinal de contas, ambos são meus professores. O que eu desconhecia era a faceta no mínimo determinada a que tive oportunidade de assistir, especialmente aquando do confronto com Luís Nazaré - quem viu, sabe certamente do que estou a falar.
Quanto aos grandes investimentos do sector público, o debate foi conclusivo: são necessários, enquanto impulsionadores do crescimento económico. Resta distinguir os bons dos maus investimentos, aqueles que se tornarão rentáveis dos que nunca serão sequer auto-sustentáveis, e isto faz-se primeiramente através de uma análise de necessidade do bem ou do serviço em causa e, posteriormente, de uma análise de custo-benefício imparcial e credível. O TGV, tal como a terceira travessia do Tejo ou a auto-estrada do Centro, não convencem: não são justificáveis, pelo menos no curto-prazo, e muito menos seriam rentáveis. - De seguida, o pessimismo de José Silva Lopes face ao optimismo de Luís Nazaré. O primeiro mostrou não acreditar que se possam manter os salários nominais ou que os funcionários públicos possam continuar a receber, no curto-prazo, décimo terceiro e décimo quarto mês. O segundo, por seu lado, admitiu ser optimista ao ponto de considerar "baixos" os montantes que o sector público dispenderia (dispenderá, talvez) no financiamento do dito TGV. A verdade há-de estar algures pelo meio, como habitualmente.
- Luís Campos e Cunha, a certa altura, destacou aqueles que considera como os três problemas principais da economia portuguesa: a curto prazo, a consolidação das contas públicas, importante tanto porque é a base de tudo o resto como por precisarmos mostrar trabalho feito à Comissão; no médio prazo, o sistema de justiça, no que respeita a mais organização e melhor legislação, o que também será um ponto de partida à atracção de investimento externo; a longo prazo, a educação. Tomei conhecimento que Portugal está bem e recomenda-se em termos de investimento no ensino não universitário e de indicadores de número alunos por sala ou por professor, mas continua péssimo nos resultados desses mesmos alunos. Que se passa, então? Não será falta de investimento, obviamente. O que me parece, e isto é só a minha opinião, é que existe em primeiro lugar uma questão de falta de incentivos à qualidade do ensino, situação que não foi de todo melhorada pelo tão polémico sistema de avaliação dos professores; aqui, poderíamos também falar no desinteresse dos alunos pela escola e na falta de um outro tipo de educação que é cada vez mais nítida, mas não é esse o objectivo do post. Em segundo lugar, não posso deixar de enfatizar mais uma opinião pessoal - programas de Novas Oportunidades não servem propósitos de aumento da produtividade do factor trabalho mas sim, e unicamente, de estatísticas. A questão é que é no capital humano que terá que assentar toda e qualquer esperança de inovação, de desenvolvimento e crescimento. Apesar de ser um objectivo alcançável apenas no longo prazo, parece-me urgente começar desde já pelo menos a repensar o sistema que temos.
- Depois, a competitividade. Sempre a competitividade. O PEC só é viável se crescermos, e só crescemos simultaneamente com a adopção de uma política orçamental contraccionista (aumento de impostos, diminuição da despesa pública...), necessária à consolidação orçamental, se a produtividade aumentar. Aumentando as exportações e diminuindo a dependência externa. Captando bons investimentos. Apoiando as PME em vez de proteger mais e mais o sector não transaccionável.
- Por falar em PEC (denominado também de "PE", visto que não se percebe nele a vertente do crescimento...), foi mencionada a colaboração entre o Governo e o PSD no âmbito do programa. Nomeadamente, destacou-se que esta colaboração não significa a sua aprovação pelo principal partido da oposição mas sim a disponibilidade para cooperar na definição de medidas mais adequadas à situação do país. Não se trata de um "cheque em branco passado ao Eng. Sócrates"... felizmente.
Finalmente, e visto que o post já vai longo demais, concluo admitindo que embora tenha lucrado com um debate de opiniões diferentes e bem justificadas (quase todas), no que respeita às respostas saí de lá tal como tinha entrado. Nogueira Leite chamou a atenção para a facilidade em reconhecer os problemas, que segundo o próprio estão em cima da mesa há mais de quinze anos, face à necessidade que se mantém de encontrar soluções. João Salgueiro concordou, justificando neste facto o descrédito e a desconfiança em torno dos nossos políticos, ao passo que Luís Nazaré admitiu não ter a fórmula mágica - pelos vistos, ninguém tem.
O Presidente da República recebe, no próximo dia 10, alguns ex-ministros das Finanças, com o intuito de discutir a situação económica do país. Não esperando já fórmulas mágicas, há que ter esperança no surgimento de caminhos possíveis e soluções viáveis e fundamentadas.
Cá estaremos para ver.
30 abril 2010
para além/uma questão de... prioridades (com Prof. Marcelo a recordar).
Fica o agradecimento à Carina (CM), que permitiu este regresso :)
Não sei quantos lugares tem aquele anfiteatro, mas estava praticamente cheio. Jovens estudantes de economia, gestão e direito, que esperavam por uma mensagem de incentivo a essa coisa difícil que é a participação na vida política.
A exposição ao tema começou pelo tema do "que é a política", numa boa analogia com a economia, na mais que evidente escassez de recursos e alocação dos mesmos: o conflito! (gostava de um dia fazer um post sobre isto)
A participação das gerações de 80 e 90 que se perderam no poder adquirido da geração do 25 de Abril, a origem dos conflitos políticos (que são em grande maioria provocados por "desavenças" pessoais), e as perguntas que se iam encadeando na minha cabeça para provocar alguma discussão no final fizeram destas horinhas um tempo muito bem empregue. (não tive oportunidade de fazer as perguntas, mas quem sabe daqui a um tempo volte a elas, pessoalmente e em Estremoz, quem sabe...)
Mas o mais importante, para mim, estava longe de ser uma novidade, situou-se naquele campo das verdades que precisam de ser recordadas de tempos a tempos e para mim já são absolutas: apostem primeiro na vossa vida profissional e só depois na política. Isto por uma simples razão, afastar os desígnios da nossa vida futura, da dependência de qualquer tipo de aparelho, do mais pequeno para o maior, o partidário e o estatal.
E muita gente sabe o que isto custa (ia até usar a expressão: só Deus sabe...): antipatias, o diz que disse (mesmo quando nada se diz), entre outras bem menos evidentes e que minam a vontade de uma participação política mais activa.
Mas é a forma correcta de o fazer, saber dizer não quando é não, e saber dizer sim, mesmo quando muitos dizem que não. A ambos os casos se aplica o vice-versa.
O resto das considerações sobre esta difícil facilidade que é pensar pela própria cabeça e agir política e publicamente da mesma forma, deixo a quem tiver paciência para ler e pensar sobre isto.
23 abril 2010
...
Penso demais. E, quanto mais penso, mais tenho para pensar, porque cada ideia traz consigo uma dúzia de ideias diferentes. E, quanto mais me permito pensar, menos faço, porque cada dúzia de ideias levanta outros tantos obstáculos, que se vão multiplicando a cada pensamento.
“(…)Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor. Se os homens soubessem meditar no mistério da vida, se soubessem sentir as mil complexidades que expiam a alma em cada pormenor da acção, não agiriam nunca, não viveriam até. (…)”
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego.
Tenho que parar com isto.
22 abril 2010
Liberdade de Expressão
19 abril 2010
16 abril 2010
Programa de Estabilidade e Crescimento (?)
Basicamente, adiou-se o TGV (a custo!), congelaram-se os salários, aumentaram-se, directa e indirectamente, os impostos e fala-se em privatizações (que também dão pano para mangas).
Há umas semanas atrás, a imprensa encarregou-se de nos chamar a atenção para o bem que as instituições internacionais disseram do nosso PEC. Em letras pequenas, nas páginas interiores dos jornais, vinham normalmente os alertas e as sugestões que lhe foram apontadas. Essas não interessavam para muito (ou interessavam?) pois, conforme nos diz o nosso PM, “luz verde é o mais importante, avisos são normais”. À União Europeia interessava restabelecer a confiança nos mercados, depois do caso grego, e para o nós nada como ser apontados como um bom exemplo.
Acontece que se começou a perceber que talvez não resultasse assim tão bem. As previsões são quase uma maravilha, só falta saber como vamos chegar lá. Como vamos crescer? Porque é que vamos crescer? A UE tem dúvidas e eu também. Se não crescermos, as receitas de impostos diminuem e a única (e sempre mais fácil) solução que me ocorre é o aumento das taxas, que só contrairá mais e mais a economia.
A Comissão alertou para a necessidade de medidas que "aumentem a produtividade e potenciem o crescimento do PIB de forma sustentada para assim incrementar a produtividade e reduzir os desequilíbrios externos" no mesmo dia em que o aprovou, mas disto não se falou.
O facto é que a situação portuguesa não se deve unicamente à crise mundial mas também a quase uma década de fraco crescimento económico e fraquíssima competitividade. Se continuarmos a atacar apenas os sintomas sem ir à verdadeira causa do problema, tenho dúvidas que este se resolva.
Segundo esta notícia:
http://economico.sapo.pt/noticias/oposicao-exige-respostas-a-socrates-sobre-o-pec_86932.html,
a oposição está a fazer o seu trabalho. O PSD e o CDS poderão solicitar que Sócrates volte à negociação no debate quinzenal de hoje, dia 16 de Abril. Não seria de todo mal pensado, visto as medidas que temos e, essencialmente, aquelas que não temos. Por outro lado, há a necessidade de pelo menos se pensar num plano B, apenas para o caso de este se mostrar um fracasso, caso as previsões em que assenta seja, como tudo indica que aconteça, optimistas demais.
Esperemos então para ver.
15 abril 2010
A (longa) história do Terminal de Contentores de Alcântara
Sem juízos de valor ou comentários a possíveis interesses ou favores, aqui fica um resumo do enredo do Terminal de Contentores de Alcântara, desde 2008 até aos dias de hoje. Vou tentar não me alongar, a história dá pano para mangas...
Meados de 2008
Eduardo Pimentel, presidente da Liscont (empresa do grupo Mota Engil) afirma que o alargamento do Terminal de Alcântara é necessário, tendo em vista a amortização do investimento. Pretende-se triplicar a capacidade do terminal, num investimento previsto de 226 M €. A Administração do Porto de Lisboa garante ser de todo o interesse atender às necessidades portuárias da capital. O Movimento e o Sindicato dos Estivadores dizem que “as pessoas percebem muito pouco da importância económica do projecto”, que classifica como “coerente”.
A população manifesta-se (Movimento “Lisboa é das pessoas, mais contentores não”, apoiado por Miguel Sousa Tavares). Toda a oposição se afirma contra o investimento (à excepção do CDS-PP, sem uma posição clara). A oposição camarária de Lisboa encontra-se em bloco contra o alargamento do termina. Manuel Alegre questiona o Governo, tenta averiguar opiniões acerca do impacto ambiental e chega até a escrever a letra para uma música (“Fado dos Contentores”, dsponível em http://cidadanialx.blogspot.com/2009/03/fado-dos-contentores.html).
Finais de 2008 - Meados de 2009
O contrato de renegociação é assinado por Mário Lino. A APL garante que a concessionária está a financiar mais de metade do projecto. Sussurra-se que as projecções quanto à capacidade do porto de Lisboa podem não ser realistas. O Tribunal de Contas opina contra o projecto e o Governo apressa-se a contra-argumentar.
Finais de 2009
O PSD avança com um primeiro projecto-lei para revogar o contrato de concessão do terminal de contentores de Alcântara ao grupo Mota Engil. O Bloco prepara-se para seguir as pisadas do PSD, os comunistas pedem o regresso da gestão do porto de Lisboa ao sector público e o CDS-PP, mais suave, vai analisando a situação.
Actualmente
Está em cima da mesa a revogação/suspensão do contrato de renegociação da parceria do Estado com a Liscont - em discussão no Parlamento, conta com projectos de toda a oposição, sendo que o PS apenas admite viabilizar o do CDS-PP (sempre mais suave, pelo menos neste assunto), que prevê a renegociação do contrato, acautelando uma possível (grande) indemnização que adviria da resolução do mesmo. Por outro lado, no fim do mês passado, a Secretaria de Estado do Ambiente emitiu (finalmente) uma declaração de impacto ambiental “favorável, condicionada à necessidade de obter autorização para ocupação das áreas abrangidas pelo regime transitório da Reserva Ecológica Nacional".
Os factos e as perguntas
De acordo com esta tabela, percebemos que o TCA funciona abaixo do previsto no caso-base do contrato original pelo menos desde 2008. Os sussurros de 2009 deveriam ter-se feito ouvir (valeriam de alguma coisa…?). A pergunta é se seria desde já necessário proceder ao alargamento. Porque não esperar por 2015, altura em que o contrato de concessão terminaria e, aí, dar lugar a um Concurso Público, de forma clara, transparente, legal e que permitisse ao mercado funcionar de acordo com a concorrência exigível num negócio que envolve o sector público e montantes tão elevados?
Além disto, o Estado acordou suportar o risco de tráfego, riscos financeiros e o Risco de reembolso de capitais accionistas, em caso de resolução do contrato. Finalmente, e não entrando em mais detalhe pois não me parece necessáro fazê-lo para expressar a ideia essencial, a TIR dos accionistas subiu cerca de 3 pontos percentuais só ao longo so processo de negociação (entre Abril e Outubro de 2008), treminando em 14%. A questão é: sabendo que a TIR deve premiar o risco assumido pelo sector privado e que esse risco diminuiu tanto face ao contrato original como durante todo o processo de negociação, porque terá esta aumentado? E porque não recorreu o Estado ao know-how da Parpública e do MOPTC? Não querendo “meter o bedelho”, quer-me parecer que os montantes em causa justificavam algum saber de experiência feito na sua contratação.
O Tribunal de Contas alertou. A população também, tal como toda a oposição, de uma forma ou de outra. O contrato foi assinado, o mal está feito. A única questão pertinente prende-se, pois, em saber como vai o Governo lidar, agora, com a situação, tendo em conta que, voltando atrás, pelo menos de uma indemnização não se livrará – será que é desta que fazemos uma análise custo-benefício bem feita?
11 abril 2010
Leituras...
Vamos então ao que interessa: a história. Ilusões fala-nos, basicamente, de ilusões. De como os nossos pensamentos se podem traduzir na nossa realidade. De como podemos ter tudo o que queremos, desde que acreditemos. É uma história de pessoas, de carácteres, de amizades, de desejos e impossibilidades que poderão, ou não, no Mundo de Richard e Shimoda, transformar-se em realidades – fica a dúvida, mesmo depois de terminar de ler.
Embora não tenha sido fácil começar, visto ser absolutamente invulgar desde a primeira página, não parecendo fazer qualquer sentido à partida, depois de ler (boas) críticas na internet decidi continuar. Foi uma boa surpresa.
Agradou-me a possibilidade de poder haver múltiplas interpretações de cada episódio. Além disso, é daqueles livros dos quais retiramos uma lição de vida a cada frase lida. A lição principal, todavia, nada tem de extraordinário – cada um tem o poder de, dentro dos limites naturais (e dos legais, sociais, morais, financeiras…), ser quem quiser e fazer o que lhe apetecer. (Quase) tudo assenta na capacidade de acreditar.
É uma história positiva, bonita e cheia de milagres, bom humor e utopias. Recomendo.
Quase todas as críticas que li aconselhavam a uma segunda leitura, talvez um dia o faça. Nos próximos tempos livres, prefiro dedicar-me a ler o resto da pilha que tenho amontoado na mesinha de cabeceira durante os últimos meses.
P.S.: Hoje, voltei ao Introductory Econometrics – a Modern Approach, Wooldrigde. Quem conhece, sabe...