Mais oportunidades de trabalho, mais e melhor oferta educativa e uma maior diversidade cultural. Não queria reduzir a três, os factores que levam a verdadeiras (i)migrações para as grandes cidades, mas é inevitável.
Longe de ser preocupante, principalmente no caso de Portugal, onde só temos cidades de pequena e média dimensão (quando comparadas com os grandes centros urbanos europeus), há vários factores que desde logo necessitam de ser estudados, planeados, e sobretudo pensados. O semanário expresso começa agora uma nova sessão de debates com o nome de Expresso do meio-dia, e as Cidades foram o primeiro tema discutido.
No centro da discussão estão problemas como o abastecimento de água, os transportes, o envelhecimento da população e a poluição. Temas concretos, debatidos por gente de reconhecida competência nesta área, mas não resisto a acrescentar outros (para Lisboa): Criminalidade e acessibilidade/mobilidade. São notórias as deficiências de uma cidade como Lisboa relativamente a outras cidades europeias - que bom foi ouvir António Costa nas intercalares dizer que Lisboa devia ser uma nova Barcelona, virada para o mar e mais segura (continuamos à espera).
Descendo outro nível, encontramos a relação das pessoas com o meio envolvente, o espaço, as memórias, as rotinas. O potencial das infraestruturas, a sua adequação à população residente, ou a identificação com uma estratégia de desenvolvimento, em qualquer sector (económico, cultural, desportivo), bem delineada. A oferta educativa, profissional, ou não, e o seu alinhamento com a estratégia de captação de investimentos - empresas - que dinamizem todas as vias de comunicação existentes. O alinhamento da mesma estratégia com o espaços devolutos/recuperáveis. E podia continuar...
Pensar uma cidade é muito mais que organizar eventos de forma regular, é muito mais que manter um qualquer serviço com o único argumento de que "sempre esteve aqui, e a sua perda seria lamentável", ou conseguir captar outros só para dizer que se tem.
O muito mais não é um acaso, é a constatação que a afirmação de uma cidade no plano regional ou nacional pode efectivamente ser feito através da identificação pela generalidade da população que naquele mês e naquele fim-de-semana há a FIAPE em Estremoz, e noutro o Festival da Bifana em Vendas Novas, mas não chega.
Reparei que nas últimas autárquicas os assuntos tratados eram áreas estanques, e havia várias: Santiago, Abastecimento de água, Economia, Juventude, Património. Esta vista curta assusta qualquer pessoa que ao pensar sobre esta problemática já tem uma preocupação, a distância política, geográfica e cultural existente para o centro decisor no país.
E acabo por concluir que embora nunca tenha sido apoiante de qualquer executivo eleito para governar os destinos da minha cidade, o único momento em que houve uma aproximação a este "pensar a cidade de uma forma integrada", foi com o último executivo - PS (embora considere imperdoável a decisão de colocar os canarinhos numa zona verde/espaço residencial e o atentado arquitectónico, pela envolvência, que está montado para servir como novo mercado).
E volto ao ínicio, à notícia do expresso: Cidades mais colaborativas. Não há estratégia que resista quando as pessoas não a percebem, ou ainda pior, quando lhes é imposta - o erro crasso do mesmo PS já aqui referido, cuja estrutura ruiu depois da conhecida assobiadela em pleno debate eleitoral.
Resumo: Estremoz vai continuar a ser a eterna cidade que todos consideram ter uma localização privilegiada, mas gerida de forma compartimentada e, pelo que se tem dado a conhecer, apenas até onde a vista, curta, alcança (Exemplos nesta altura já era escusados, mas dou: orçamento e água).
Tema complexo, mas de fácil identificação para todos os que partilham desta preocupação, por isso é urgente começarmos a discutir este assunto!
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