Cavaco Silva alertou, já há algum tempo, para aquilo que já todos sabíamos, os Jovens estão a afastar-se da política. O tema não é novo e muito menos o são os motivos: diálogos intermináveis e pouco esclarecedores que passam de quando em vez na TV, notícias pouco abonatórias que atingem diariamente toda a classe política e sobretudo, do meu ponto de vista, o distanciamento em termos de linguagem que os mesmos insistem em utilizar. Tudo óbvio.
Agora Estremoz e os nossos Jovens. Eu escrevo porque me diz respeito, porque sou jovem e sou de Estremoz. Escrevo sobre este tema porque é assunto de todos os fins-de-semana, de muitos meios, que “em Estremoz não se passa nada”, que “Estremoz está sempre igual”, que em “Estremoz nada muda”. Conversas de quem vai e volta ao fim-de-semana, de quem está permanentemente em Estremoz, em suma, dos Jovens. Mas, até que ponto é que Estremoz conta com os seus jovens? Eu questiono-me! Vocês não?
Podemos pensar que Estremoz Marca com grande parte da população jovem a sair anualmente à procura de novos conhecimentos, de novas oportunidades e com o pensamento em não voltar? Devemos assumir que não vamos contar mais com esses jovens que são na maior parte das vezes quadros altamente qualificados? Devemos desistir de pedir a sua opinião sobre a terra que os viu nascer e crescer?
Conseguimos ver que ao fim-de-semana a população aumenta, e não é só porque Estremoz Marca com o seu mercado, ou Marca com novas ideias urbanísticas para a zona central da cidade, é também porque muitos jovens regressam a casa, para “matar saudades”, para se sentirem em casa, isso mesmo, em casa!
Devo também dizer que me entristece o facto de muitos dos que voltam, na perspectiva de ficar, e daqueles que já cá estão, todos com o objectivo de Marcar (acredito eu!), sofrerem com a pouca empregabilidade da região, mas sobretudo pelo facto de se verem envolvidos nos joguinhos políticos do nosso pequeno burgo (expressão muito utilizada pela classe), quando se aproximam as épocas de eleições. Se é difícil mudar o facto das autarquias em meios pequenos se destacarem na taxa de empregabilidade, é pior quando isso significa que os jovens têm de abdicar dos seus ideais, daquilo em que acreditam para poderem garantir o seu emprego e dessa forma a estabilidade que procuram.
Se comecei com o distanciamento dos jovens face à política, face a uma participação cívica mais activa, julgo que os motivos apresentados devem servir de reflexão, para quem toma decisões e para quem quer fazer a diferença.
Não vamos encontrar uma solução milagrosa para este problema, mas não o podíamos ao menos debater? Porque é que o problema não fez parte da agenda nos últimos anos?
Os jovens não estão a participar na construção da nossa cidade, não é assim que se combate a desertificação do interior, não é assim que se Marca. Para terminar, sabem quantos jovens lêem regularmente os jornais da nossa cidade? Qual a probabilidade de um em cada cinco (20% apenas), ler este artigo?
3 comentários:
Este post tem toda a pertinência.Estremoz precisa dos seus jovens,daqueles que desinteressadamente queiram ver a sua terra sair do marasmo em que ainda se encontra.Muito pouco se tem feito para "prender" os jovens à terra.O resultado é que quando saímos raramente voltamos.São poucos os que da minha geração tiveram a coragem de ficar.
A questão é óbvia...ficar para trabalhar onde? Ou se tem um negócio, ou se vai para a CME (entidade empregadora por excelência!), ou para o Modelo!!!
Sejamos claros, quem fica é em 80/90% dos casos porque não tem capacidades intelectuais para sair. Os que conseguem a entrada na Universidade acabam por sair e raramente voltam, os que não conseguem vão ficando por Estremoz!
Infelizmente é esta a realidade!
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