Depois de muitos anos (e muitas desculpas), a frase mais marcante deste governo, e principalmente deste primeiro-ministro é mesmo esta: "O país mudou!"
Admitindo que os senhores tiveram realmente azar na altura que governaram o país, pelas diversas condicionantes externas, uma coisa também tem de ser dita, não estiveram à altura do desafio.
Umas notas soltas, porque o país mudou mesmo.
O PEC foi aprovado com a opinião unânime que era apenas um programa de estabilidade e não continha qualquer plano de crescimento. As agências, os mercados, e os financiadores externos criticaram-nos por isso. Opinião geral (já com duas décadas): é necessário reduzir a despesa do estado e aumentar a competitividade do país.
Uns meses depois, e muitos, muitos milhões depois (que todos vamos pagar mais tarde), a solução é aumentar os impostos. O IVA? Porquê? Porque torna a nossa economia mais competitiva? Como? Não sei. Parece que penalizar o consumo e a competitividade dos nossos produtos, é a solução. Confere.
Mas confere ainda mais quando chegam uns senhores a Portugal, daqueles que fazem previsões todos os meses, e todos os meses avisam que Portugal tem de reduzir a despesa e apresentam estas soluções. Faltou a redução da despesa, um pequeno lapso.
Só mais duas notas:
1 - O Estado já começou a poupar. Uma, das muitas, formas de gastar dinheiro em instituições públicas é contratar empresas de consultoria para irem "validar" (impor), por meio de um qualquer estudo de milhões de euros a estratégia (normalmente de redução de um qualquer custo, leia-se, reestruturação de serviços/despedimento de pessoal), já delineada pelo seu Conselho de Administração. Espero que a OCDE tenha feito isto de graça, porque acho que aquele da educação ainda não foi pago (e caro que foi...).
2 - Se não foi um favor, então foi um pré-anúncio do FMI. "O país mudou!"
Não resisto e vou acrescentar outro.
3 - Outro senhor, desses que mandam bitaites e toda a gente ouve, dizia: Portugal tem de comunicar melhor com os mercados.
Uma pergunta que se costuma usar para atestar a credibilidade de uma pessoa: Compraria um carro em segunda mão a este senhor (um qualquer, mas imagine o primeiro-ministro José Sócrates, que esta semana respondeu num evento tecnológico, a sorrir: este é o Portugal real)? Se o exemplo não chegar, pergunte ao outro primeiro-ministro, o que em Nova Iorque disse que se demitia. Conhece outro?
O país mudou. E bem podíamos usar o tão conhecido: Sorrindo às dificuldades (mas só porque este dia foi uma verdadeira fantochada).
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